Por: Erivelto Soares
Esse estudo é um pedido cordial de um amigo também Preterista
Omar Guilherme de Campo Grande - MS. Ao
apresentar as evidencias Bíblicas do Preterismo Completo sobre as questões escatológicas a um grupo de amigos
de certa comunidade Evangélica, ele se deparou com um argumento pra lá de
inusitado. Ele relatou que o líder daquela comunidade disse que as Profecias
são cíclicas impossibilitando assim uma definição de seu cumprimento. Foi então em resposta desse questionamento venho escrever esse pôster.
Vejamos; Na busca desenfreada de refutar o preterimos
completo como o único meio fiel de interpretação das profecias Bíblica, surge
no cenário evangélico o conceito cíclico das Profecias. Esse conceito diz que
as Profecias estão sempre se repetindo, alegando que tudo que aconteceu há de
ser novamente um dia, ou seja, pressupondo que toda a profecia do Apocalipse
embora tenha acontecido (Considerando a Posição Bíblica do Preterismo
Completo), Acontecerá novamente. Não precisamos ir muito longe para ver que
isso é uma tese liberal das Profecias e um insulto a suficiência das
Escrituras. Mais antes de tudo vamos conhecer um pouco dessa tese liberal, pra
isso é preciso estudar a questão do tempo.
COMO SURGIU A IDEIA CÍCLICA DE TEMPO?
A perspectiva linear de tempo nasceu com a tradição
judaico-cristã. O tempo linear é uma sucessão contínua de eventos irrepetíveis
e irreversíveis. O seu movimento é retilíneo – reta ininterrupta de registros
históricos singulares. Sendo uma linha, o tempo linear é finito. A sua trajetória
é circunscrita por uma linha histórica determinada – tem começo e
fim. Como traço histórico perpétuo, o tempo linear é uma série
evolutiva de fatos históricos inéditos. Trata-se do curso progressivo
de acontecimentos únicos em direção ao futuro. Por fim, o tempo linear é
dotado de significado. O seu desdobramento de momentos
inalteráveis é orientado por um propósito final (télos). Ou seja,
todos os eventos possuem sentido na medida em que ocorrem em vista de uma
finalidade última.
Em contraposição ao conceito temporal linear, os gregos
primitivos propunham uma ideia cíclica de tempo. Sem começo nem fim, o tempo
cíclico é um eterno retorno. Uma vez que nenhum evento é absoluto, o
tempo cíclico repousa na permanente sequência de ciclos repetitivos. O seu
movimento circular contínuo é caracterizado pelo perpétuo retorno de momentos.
Isso significa que a história não comporta nenhum fato singular. Pelo
contrário, a história é marcada pela reedição de acontecimentos
passados. Portanto, o tempo para os gregos antigos não passa de
um círculo inexorável – sem saída e sem fim. Tudo está condenado a girar
eternamente na roda da história.
Podemos ver que o pensamento cíclico é um pensamento
filosófico criado pelos gregos e que se opõe a definição cristã do tempo. No
livro A história no pensamento de Karl Marx (O filósofo de grande influencia do
século XIX, O idealizador do comunismo) ele tratando da questão do Desenvolvimento
e devir ele declarou essa ideia dizendo: O devir temporal se refere ao
surgimento das forças produtivas, portanto, às mudanças nas relações dos homens
com a natureza, podendo ser pensado como linear sucessivo e contínuo. O
desenvolvimento imanente de uma forma histórica se refere à reflexão realizada
pelo modo de produção ou o movimento cíclico pelo qual retoma seu ponto de
partida para repor seus pressupostos. No entanto, justamente porque se trata de
uma reflexão realizada pela forma histórica, o retorno ao ponto de partida o
altera, de maneira que o desenvolvimento não é um eterno retorno do mesmo e sim
dialético, atividade imanente transformadora que nega a exterioridade do ponto
de partida ao interiorizá-lo para poder conservar-se e, ao fazê-lo, põe uma
nova contradição no sistema. (A história no pensamento de Marx. En publicacion:
A teoria marxista hoje. Problemas e perspectivas Boron, Atilio A.; Amadeo,
Javier; Gonzalez, Sabrina. 2007 ISBN 978987118367-8)
Então, podemos identificar o pensamento cíclico das
profecias como uma tese filosófica baseada no pensamento liberal do século XIX.
Não há subsídio Bíblico para sustentar tal tese, visto que os mesmos negam a suficiência
das Escrituras e a fé em Deus.
A BÍBLIA E O PENSAMENTO CÍCLICO DAS PROFECIAS
Para defender tal tese, os adeptos dessa corrente
filosófica argumentam que o livro de Isaías sustenta o pensamento da profecia
cíclica! Eles dizem que Ciro cumpriu o que Jesus mais na frente veio a recumprir.
Ou seja, a tese das profecias cíclicas é uma tese que declara que as profecias
podem ter duplo, quádruplo, quíntuplo....cumprimento.
É importante saber que a profecia precisa ter um
cumprimento claro, isto é, é preciso que se seja capaz de ver uma relação clara
entre a profecia e o evento que supostamente a cumpre. Alguns homens fazem
"profecias" que são enquadradas numa tal linguagem geral que permita
o cumprimento por um grande número de eventos futuros, antes que por um algum evento
explícito. A linguagem da profecia precisa não ser ambígua nem enganosa, para
que seu cumprimento seja claramente reconhecível.
ENTENDENDO A QUESTÃO DA PROFECIA SOBRE O REI CIRO.
O Rei Persa Ciro, foi comissionado por Deus para libertar
o povo judeu: “Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão
direita, para abater as nações diante de sua face, e destingir os lombos dos
reis, para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão” (Isaías
45:1). Neste acontecimento, o rei Ciro foi um tipo profético de Cristo ao
exercer o simbólico papel de libertador.Deus em sua sabedoria também determinou
que por ordem de Ciro o templo dos judeus e a própria cidade de Jerusalém fosse
reconstruída (Isaías 44.28). O interessante foi que sua mãe antes de casar
teve um sonho... “dela sairia uma torrente de água tal que não só encheu a capital
como inundou a Ásia inteira.” (Heródoto) Quando Mandana, futura mãe de Ciro
estava grávida, o rei Astíages, pai de Mandana teve um sonho em que viu: “Uma
videira nascia do ventre da sua filha e que essa videira cobria toda a Ásia.” Leitura
Bíblica: Isaías 44.21-25; 45.1-4; Daniel 10.1; II Crônicas 36.22-23; Esdras
1.1-11
Quando Ciro nasceu, o avô mandou um soldado leva-lo ao
campo e matá-lo, este, com pena da criança, o deu a um pastor de ovelhas para
executar a criança, mas este também não cumpriu a ordem. Quando Ciro cresceu,
ele mesmo conquistou o trono do rei Astíages, que era o seu avô!!!
Ciro começou suas campanhas de conquistas militares. Como
Persa ele havia conquistado a Média, e agora viria pela frente a Lídia, Ásia
Menor, Esparta e a gloriosa Babilônia. Os historiadores concordam que Ciro foi
um grande homem que não teve a história manchada com violência brutal, pois
essas coisas eram comum aos déspotas cruéis e que foram absolutamente estranhas
para Ciro. Ele astuto e compreensivo que lhe garantiu o apreço e respeito até
dos povos conquistados. A maior conquista de Ciro foi a Babilônia. Pelo que a
Bíblia registra não houve um cerco de vários meses, nem batalhas sangrentas,
mas que a cidade mais fortificada do mundo antigo caiu em apenas uma noite sem
oferecer quase nenhum resistência. Um sacerdote pagão chamado Borosus narrou
assim a conquista de Ciro sobre a Babilônia: “No ano 17 de Nabonidor, Ciro veio
da Pérsia com um grande exército, e tendo conquistado todo o resto da Ásia
chegou apressadamente a Babilônia. Assim que Nabonidor percebeu que ele vinha
ataca-lo, pôs-se em fuga com os seus cortesãos, encerrando-se na cidade de
Borsipa. Neste tempo, Ciro tomou a Babilônia e ordenou que os muros externos
fossem demolidos por serem causas de grandes dificuldades para tomada da
cidade. Em seguida marchou para Borsipa para cercar a Nabonidor, porém,
Nabonidor se entregou em suas mãos. Ciro o tratou benignamente, exilou-lhe da
Babilônia e deu-lhe habitação na Carmânia, onde passou o resto da sua vida até
a morte.” (Contra Apiom 1.20) No livro de Daniel capítulo 5 diz que Belsazar era rei,
mas por direito a sucessão ao trono de quem de fato reinava, que era o seu pai,
Nabonidor. Por isso ele ofereceu o terceiro lugar do reino(Daniel 5.29). Heródoto escreveu com detalhes a invasão dos Persas e
Medos na Babilônia, segundo Heródoto, Ciro mandou desviar o curso do rio
Eufrates que passava por dentro da grande cidade da Babilônia, portanto, no dia
em que todos estavam em festa, bebendo e despreocupados, Ciro abriu as
comportas d’água, desviando alguns quilômetros da cidade o curso do rio, e no
lugar onde passava o rio havia agora um vão por onde eles entraram na cidade.
A política de tolerância religiosa fez de Ciro um
salvador terreno para os judeus, mesmo não sendo Ciro um filho de Deus, pois
Isaías diz:
“Ainda que (Ciro) não me conheças (Isaías 45.4).” Foi ele
quem autorizou a volta dos judeus para Israel. Ele mesmo escreveu em um
cilindro babilônio:
“Quando entrei pacificamente na Babilônia libertei os
habitantes da Babilônia do jugo que não lhes convinhas. Melhorei suas
habitações arruinadas, livrei-os dos seus sofrimentos, eu sou Ciro, o rei da
coletividade, o grande rei, o rei poderoso, rei da Babilônia, rei dos sumérios
e dos acádios. Rei dos quatro canto do mundo, sim, o rei dos céus e da terra
com os seus sinais favoráveis entregou em minhas mãos as quatro regiões do
mundo. Restituí os deuses, os seus santuários.” Os fatos narrados na Bíblia são idênticos aos narrados
pelos historiadores seculares, portanto, não crer na Bíblia, equivale a negar a
história da humanidade.Então veja; Ciro é um tipo de Cristo, Como libertador
Jesus veio em missão de uma superior libertação! Não podemos entender que Jesus
veio repetir a profecia que Isaías fez sobre a missão do Rei Ciro. O Rei Ciro
foi levantado em uma missão peculiar a de Cristo, sendo que Cristo com missão
superior. Fica exclarecido que o pensamento de profecia cíclica é uma tese completamente liberal das escrituras
onde não há fundamento.
Outra coisa importante é que
toda profecia se cumpriu em 70 d.C! Está bem registrado em Lucas 21:20-22, “Mas, quando virdes Jerusalém cercada de exércitos,
sabei então que é chegada a sua desolação. Então, os que estiverem na Judéia fujam para os
montes; os que estiverem dentro da cidade, saiam; e os que estiverem nos campos
não entrem nela. Porque
dias de vingança são estes, para que se cumpram todas as coisas que estão
escritas.” O texto deixa claro que quando Jerusalém
estivesse destruída tudo o que estava escrito se cumpriria e se cumpriu. Jesus
veio nas nuvens do céu, estabeleceu seu trono de glória, Reina Soberano,
vivemos debaixo do novo céu e nova terra, pois se diz respeito a aliança e não
pode ser entendido literalmente. Então, O conceito de uma profecia cíclica é completamente
falso! A história não é cíclica coisa nenhuma, assim como não é cíclico o curso
de nossas vidas, pois nascemos, crescemos, vivemos e morremos, e estes eventos nunca
tornarão a se repetir. O argumento de que a História seria cíclica chega mesmo
a ser infantil, pois se estima que por volta do século I DC, a humanidade
contava com cerca de 250 milhões de pessoas sobre a terra, e hoje há mais do
que 6 bilhões e 500 milhões de pessoas sobre a face do planeta, e isto não
poderia jamais ser o resultado de eventos cíclicos. O que vemos na
multiplicação da humanidade, desde o dilúvio, é uma progressão crescente,
inabalável e persistente do nascimento de seres humanos. Uma evidência de que a
História não é cíclica. Impérios surgiram e desapareceram como a Grécia e o
Império Romano, e o que veio após eles não possui nada de cíclico, a começar
pelo avanço das ciências, a ocupação dos espaços inabitados da terra, a
extração de recursos do subsolo, as mudanças nas economias das nações e até
mesmo a extinção irreversível de criaturas da natureza. Até mesmo os modos de
governo dos povos não possuem nada que possa caracterizar a História como uma
sequência de eventos cíclicos. Até mesmo o vulcão Vesúvio, na Itália, é
testemunha de que nunca jamais surgiu nada que pudesse se comparar à cidade de
Pompéia que ele destruiu. Pompéia se foi, a cultura de então mudou, suas ruínas
seguem em processo ininterrupto de decomposição e estas coisas nada têm de
cíclicas.
Pra encerrar vemos o texto de Mateus 24:21 “Porque haverá
então uma tribulação tão grande, como nunca houve desde o princípio do mundo
até agora, nem jamais haverá”.
A tribulação que resultou nas ruinas de Jerusalém narrada
de forma sistemática em Apocalipse nunca houve e jamais haverá! Isso é fato;
Por isso que o Preterimos Completo por mais que seja difícil de entendimento,
porém é o mais excelente meio pela qual possamos entender o cumprimento das
Profecias.
SOLI DEO GLORIA